No dia 28 de Agosto, no contexto da celebração da memória litúrgica de Santo Agostinho, Padroeiro da Universidade Católica de Moçambique (UCM), foi apresentado na Faculdade de Gestão de Recursos Naturais e Minerologia (FAGRENM)da UCM de Tete, o livro "Seminário Católico do Zobuè: Entre a Espada e o Fuzil" do ex.aluno do seminário, o Dr. Lawi Laweki.
Antes, o Bispo de Tete presidiu à Missa em memória de Santo Agostinho em acção de graças dos 30º aniversário da fundação da Universidade católica de Moçambique. Participaram a direcção da Faculdade, professores e alunos. A apresentação do livro sobre a história do seminário do Zobuè foi a conclusão de uma manhã dedicada à oração, à evocação do pensamento de Santo Agostinho e à memória histórica. na presença do autor do livro, a apresentação da obra esteve a cargo do Bispo de Tete. Dom Diamantino Antunes começou por reconhecer que, sendo por todos reconhecido o importante papel desempenhado pelo Seminário Menor de São João de Brito do Zóbuè, Diocese de Tete, quase nada foi escrito acerca daquele estabelecimento de ensino, que leccionou o ensino secundário entre 1950 e 1975 para centenas de jovens da região centro de Moçambique (Zambézia, Sofala-Manica e Tete). Dado ter formado um significativo número de estudantes para a vida religiosa (uns poucos chegaram ao sacerdócio e estão entre os primeiros padres e bispos moçambicanos), como sobretudo para a vida civil; o Seminário do Zobuè possibilitou que nele se formassem várias personalidades, algumas são recordadas no livro, que se distinguiram na luta pela independência e pela democracia, e outros em diversos ramos do saber, nomeadamente no ensino, na saúde, na economia e na administração pública.
O livro, meteu em realce Dom Diamantino Antunes, resultou de harmoniosa conjugação entre as memórias do autor e a pesquisa no Arquivo do Seminário do Zóbuè e outros arquivos. A obra aborda aspectos importantes da história e método formativo inovador, sobretudo durante o tempo em que foi dirigido pelos Missionários de África, desta importante instituição de ensino criada pelo primeiro Bispo da Beira, Dom Sebastião Soares de Resende, na actual diocese de Tete, na fronteira com o Malawi. Inaugurado em 1950, há precisamente 75 anos, o Seminário do Zobuè tinha como objectivo a formação de futuros padres diocesanos para a zona centro de Moçambique.
O Bispo de Tete, concluiu a sua intervenção, conclui com a seguinte constatação: O 75 aniversário da abertura do Seminário do Zóbuè coincide com a celebração do 50º aniversário da Independência Nacional de Moçambique. A feliz coincidência destes dois jubileus significa que não podem não ser celebrados em conjunto e em complementaridade. O sonho de um Moçambique livre e independente foi também forjado, construído e sofrido pelos jovens do Seminário Menor do Zobuè, conscientes do princípio de que precisa “dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César”.
Tomaram em seguida a palavra o autor do livro e alguns dos antigos alunos do seminário do Zobuè, nomeadamente o dr. Abel Mabunda e o dr. José António Canhandula que responderam a questões colocadas pelo auditório. seguiu-se a sessão de autografos dada pelo autor do livro.
Entre 1950 e 1975 o seminário foi frequentado por 945 alunos, dos quais apenas 18 foram ordenados padres, entre estes foram ordenados sete bispos de Moçambique: Dom Jaime Pedro Gonçalves, Arcebispo da Beira, Dom Bernardo Filipe Governo, Bispo de Quelimane, Dom Paulo Mandlate, Bispo de Tete, Francisco João Silota, Bispo de Chimoio, Dom Tomé Makhweliha, arcebispo de Nampula, Dom Francisco Chimoio, Arcebispo de Maputo e Dom Manuel Changuira Machado, Bispo de Guruè.
Os jovens que frequentaram o Seminário do Zóbuè e que desistiram da formação sacerdotal levaram consigo dignidade, desenvolvimento intelectual, educação cívica e religiosa, tornando-se homens bem formados e prontos para servir a nação, lutando pela sua independência e desenvolvimento.
Com a independência de Moçambique, o Seminário foi nacionalizado e o edifício transformado num Centro para Preparação de Professores. Em 1987, coma guerra civil, o edifício foi abandonado pelo ministério da educação e entrou numa fase de decadência e ruína que durou 35 anos.
Em 2019, a Diocese de Tete tomou a iniciativa de reconstruir na íntegra o antigo seminário do Zobuè para instalar aí a Comunidade Terapêutica Fazenda da Esperança de São João de Brito para a recuperação de jovens das drogas e do álcool e o Santuário Diocesano de Tete dedicado a Nossa Senhora da Conceição.